Perdi a conta ao número de vezes que vi "Le Fabuleux Déstin d'Amélie Poulain"...
E não me canso...
Como numa fantasia existe alguém assim. :)
Alguém singelo, que denota os mais pequenos pormenores, que mais ninguém observa...
Alguém alheio a prazeres básicos da vida, e que respira a espiritualidade que de si emana...
Alguém que valoriza de forma transcedental e cultiva pequenos prazeres, como partir a cobertura caramelizada de leite creme com a ponta da colher de sobremesa, antes de o comer, ou solitariamente, caminha pelas ruas da vida e apanha pequenas pedras, para mais tarde atirá-las e fazer ricochete no rio, enquanto pensa no rumo da vida a levar...
Alguém que aprecia a simples forma delicada que pega nos objectos que a rodeiam... e sorri quando vê amor e dedicação pelo trabalho bem feito...
Coisas simples, de alguém simples...
Alguém apaixonado.
Alguém que um dia caiu do ninho da sua progenitora, mas tentou voar...
Alguém!
:)
Alguém que não se inibe de se questionar estúpida, ingénua e curiosamente, a si própria sobre, por exemplo, quantos orgasmos estarão a haver naquele momento em toda sua cidade?...
(Não, não era uma pergunta retórica.)
"15..." - disse ela, com sorriso de marota.
Alguém que ajuda tantas vidas…
Alguém que vive tantos romances, mas todos eles alheios...
E o seu?...
O seu fica para mais tarde... talvez porque é alguém que adora fazer feliz quem lhe rodeia, quem lhe é especial...
Ao fazer alguém especial, feliz, sente-se útil, e no final de contas, sente-se também feliz...
E o passado?! Esse é muito bom de recordar... e naturalmente, de viver.
Porque todos nós, aparentemente "esquecemo-nos" de coisas que se mostravam importantes no passado, e na verdade, apenas as escondemos no canto da última gaveta da nossa cómoda de quarto...
E o Futuro? Incerto, pois claro que sim... (E depois?... O presente é sempre bem mais importante...!)
Satisfazer a necessidade de total harmonia connosco mesmos...
"(...) Naquele momento, tudo é perfeito, a doçura da claridade, o perfume do ar, o rumor calmo da cidade... Respira fundo e a vida parece-lhe tão simples, tão límpida, que o súbito impulso de ajudar a humanidade inteira a invade. (...)"
“(…) Nunca soube relacionar-se com os outros… Em miúda estava sempre só. (…)”
“(…) Madrinha dos Abandonados (…)”
“(…) - Talvez tudo faça para emendar a baralhada vida dos outros.
- Mas a baralhada da vida dela, quem emenda essa?
- Sempre é melhor dedicar-se aos outros, que a um duende de barro. (…)”
“(…) Sem ti, as emoções do hoje seriam apenas a pele já morta das emoções do outrora. (…)”
“(…) Finalmente! Agora que percebeu (quem é a rapariga mascarada da foto), vai pousar a colher, recolher os grãos de açúcar com a ponta do dedo… depois virar-se, e dirigir-me a palavra.
- É você?
- Não.
- Sim, é você aqui. (na foto com disfarce de Zorro)
E eis que ela foge… mas pára…pensa… e reage: pede à colega para discretamente colocar um bilhete no bolso do casaco dele.
Ele não reparou no bilhete e vai-se embora, deixando Amélie destroçada. (…)”
“(…) Se Amélie prefere viver um sonho e acabar solteirona introvertida está no seu direito, uma vida falhada é um direito inalienável! (…)”
Ela não está só… ao longo da sua caminhada tem um amigo que a segue, ainda que não o saiba, até que sente que está na hora de se manifestar e impelir Amélie em rumo à felicidade: “(…) - A Amélie não tem ossos de vidro, bem que pode levar pancada da vida. E deixar passar esta oportunidade, com o tempo, é o seu coração que será tão seco e quebradiço, como o meu esqueleto. Agora… vá em frente, raios!”
E assim, esta personagem, este alguém, deixa-se de estratagemas, da cobardia habitual, e com alguma ajuda, segue aquela vozinha que jamais obedece à razão.
Sopra nas pedras que vai recolhendo da calçada, faz com elas ricochete no rio, e deixa que o seu coração a guie…
Sofre alguns contratempos…
E chora…
Mas continua sonhadora como nunca visto…
E quando menos esperava, ele encontra-a…
Invadida por uma sensação de ternura, ela beija-o… primeiro no canto do lábio, depois no pescoço… e finalmente no olho esquerdo…
E ele… bem, ele faz o mesmo…!
E conseguem ser felizes.
A dois…
É alguém!
ALGUÉM QUE CONSEGUIU SER FELIZ A DOIS… :)
(Que bom… hoje, já ganhei o meu dia…:) )
*
2 comentários:
“(…) Sem ti, as emoções do hoje seriam apenas a pele já morta das emoções do outrora. (…)”
Es enorme , Padrinho *
ganhar o dia...
o que será realmente ganhar o dia!
um misto de emoções. um misto de confusões de sorrisos e de tristezas.
Será ganhar o dia o alcançar de uma meta que só nós a conhecemos?
aquela meta que que cabe num suspiro quando o sol se põe?
és como eu que amarra as pequenas coisas da vida?... as mais insignificantes, as mais pobres, mais ténues, mais fracas?...e transforma-as em mundos, em alegrias e em paixões?
será o ganhar um dia mais uma realização de um desejo escondido? de uma vontade que te atormenta o corpo e a menta e te deleita horas a fio em momentos de reflexão?
serás tu um poeta?
serás tu um sonhador?
e porque nao agradecer cada dia. agradecer porque o temos e estamos a vive-lo...e esperar pelo amnha....
porque o "hoje" nós temos...o "amanha" ninguém saberá!
vamos ganhar o dia?
entao viveeeeee
conta-me como vives :)
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